20.2.08

Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.

E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. LC23:34

O que podemos tirar desta frase proferida pelo Filho de Deus no ato de Sua crucificação?

Não é uma prova clara de que Jesus proferiu estas palavras diante de todos para que tivessem certeza de que cometeram um grande erro e não perceberam isso? Diga-se de passagem, o maior de todos os delitos: Assassinaram ao Filho de Deus!

Como então acreditar que este foi um “sacrifício necessário”?

A primeira coisa que devemos considerar é que todo e qualquer sacrifício é contrário à Vontade de Deus pois, o Criador jamais aceitaria o derramamento de sangue de um inocente ente vivo em adoração e veneração a Ele, quem dirá a morte de Jesus na cruz para pagar com Sua vida pelos pecados cometidos pela humanidade contra o Próprio Criador.

Deus Pai, enviou o seu Filho para que fossem cumpridos os mandamentos, e para nos ensinar que o amor é o caminho que leva ao Pai... Assim viveu Jesus, em amor incondicional ao próximo e quando proferiu: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim
João 14:6, que quer dizer: “Eu (o Amor) sou o caminho e a verdade viva; ninguém vem ao Pai, senão por Mim (pelo Amor)”, este amor que hoje não encontramos mais, amor ao próximo que tanto Jesus pregou, tanto nos ensinou.

O ser humano tornou-se vaidoso, vive em função de si, e esquece de aplicar a Lei que Jesus nos deu: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Pois é mais fácil acreditar que o Criador deu Seu Filho em Sacrifício do que viver do modo como Jesus viveu, acreditar que com a Morte do Filho de Deus nossos pecados estão liquidados, bastando acreditar no sacrifício de Deus para com os homens.

Há ainda as instituições que pregam que ao homem é impossível não pecar, mas que mesmo sendo um pecador e aceitando a morte de Jesus como o sacrifício, os pecados serão perdoados. Os pecados só serão perdoados mediante ao reconhecimento e reflexão pessoal de cada um.

Nos dias de hoje tornou-se tão difícil praticar o amor, pelo fato de os seres humanos atribuírem como um sacrifício viver no exemplo de Jesus; evidenciando o quanto os valores estão trocados. Por isso há esta acomodação por parte dos “fieis ao Sacrifício de Jesus”, pois acreditam que por mais que pequem, basta se arrepender em nome de Jesus, que o pecado está liquidado, afinal com o sacrifício não precisamos mais morrer por nossos pecados! Ou seja, julgam-se merecedores de uma Graça sem que se faça o mínimo esforço para merecê-la.

Destaco aqui também o trabalho de Roberto C. P. Júnior: Visão Restaurada das Escrituras, em uma explanação acerca deste ignóbil assassínio:

...A crucificação de Cristo, o Amor de Deus encarnado, jamais poderia reconciliar o Criador com Suas criaturas. Nunca. Como os cristãos podem ser tão cegos? Como alguém ainda pode acreditar em tamanho despautério?… Como, pergunto, a escuridão que cobriu toda aquela região no dia da crucificação, do meio-dia às três horas da tarde, e o terremoto que sacudiu violentamente a terra, a ponto de partir as rochas ao meio (cf. Mt27:45,51), podem ter sido sinais de uma reconciliação divina? Como?... Por que então “todas as multidões reunidas para este espetáculo, vendo o que havia acontecido, retiraram-se a lamentar, batendo nos peitos” (Lc23:48)?... Essa cena não dá o que pensar? Como alguém ainda pode ver no véu do Santuário rasgado de alto a baixo, no momento da morte do Filho de Deus, o sinal de uma reaproximação da divindade com a raça humana? Pois é exatamente o inverso! O inverso!

...Sobre a imensa gravidade do crime praticado contra Jesus, Paulo disse aos Coríntios: “A sabedoria que Deus preordenou desde a eternidade não foi conhecida por nenhum dos poderosos deste século, porque se a tivessem conhecido jamais teriam crucificado o Senhor da Glória” (1Co2:7,8). Portanto, afirma Paulo, se os poderosos daquela época tivessem algum conhecimento da sabedoria de Deus jamais teriam crucificado Jesus! Jamais! Alguém pode entender isso em toda sua gravidade? Essas palavras do apóstolo não dão o que pensar aos cristãos?… Não retumbam em seus ouvidos como uma advertência gravíssima?
Como podem ainda atrever-se a afirmar que Jesus morreu por eles e por toda a humanidade?

...É, sim, absolutamente certo dizer que o Redentor veio ao mundo para salvar os pecadores, e também que morreu devido à nossa culpa: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (1Tm1:15); “Jesus, Senhor nosso, foi entregue por causa das nossas faltas” (Rm4:25); “Cristo morreu por nossos pecados” (1Co15:3). Ele morreu, portanto, devido aos nossos pecados, por causa da nossa culpa! Algo que não precisava e não devia acontecer! Jesus morreu, sim, devido à culpa da humanidade,
contudo ele não morreu pela humanidade! Nunca!

...Só mesmo a portentosa presunção humana, cuja magnitude roça o infinito, pôde conceber uma idéia tão infame como essa, de que a expiação de seu lastro de pecados pudesse se dar através do assassinato de um Filho de Deus. Todavia, há ainda uma passagem do Evangelho de Lucas que desmonta de vez essa teoria insustentável de uma morte prevista para Jesus. Basta que a respectiva pessoa, cuja intuição não esteja totalmente soterrada, atente um pouco, somente um pouco, nessas palavras da inavaliável intercessão de Cristo enquanto agonizava na cruz:Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!” (Lc23:34).
(As marcações no texto são minhas)
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O que precisamos observar é a mensagem que esta sentença nos apresenta, além de o quanto a humanidade errou ao Tê-lo crucificado, também devemos reconhecer como é incomensurável o Amor de Cristo para com a humanidade, afinal, se intuirmos nesta frase que, mesmo agonizante e deixando clara a culpa dos homens através deste ato, Jesus ainda clama ao Pai para que os perdoem. Por isso temos que aceitar o fato de termos pecado contra o Pai e o Filho e assumir a culpa por nossos erros, para que na humildade da reflexão possamos encontrar o caminho e viver como Jesus nos ensinou.

"Será mesmo que a crucificação foi necessária ou apenas uma advertência profetizada quanto ao desvio da humanidade em direção às trevas?"